segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

doni...

na alvorada deste dia, queima-se incenso, acendem-se tochas, bebe-se à tua saúde. ou será à tua saudade? não sei bem. escorrem néctares divinos dos tonéis, um braseiro ainda arde sem saber muito bem o porquê. o sol aparece no horizonte, anel de fogo que nos aquece. está frio, mas dançamos descalços, pés nus na terra. cantamos a ti minha mãe-terra, para que nos recordemos que ainda vives, que nos suportas, sustentas, alimentas. o fogo que nos queima na alma aquece-nos também. o pai sol eleva-se mais um pouco. um corvo dá sinal. crianças despertam do seu sono e juntam-se a nós, já exaustos. a festa tem de continuar. no meu peito ecoa a tua melodia primordial. o batuque vai avançando com o dia. cheiros de comidas começam a chegar aos nossos narizes famintos. o grito das aves marinhas acompanha o som das guitarras. um corvo dá o sinal. a festa continua. vinho, pão, doces e peixe são servidos em malgas toscas de madeira. o povo pequenino aparece. a festa continua. damos graças. à vida, a nossa, à tua vida minha mãe. à liberdade de estarmos aqui. por que o escolhemos. por que o quisemos. estar nesta tua casa, de pés nus na terra, cantando e dançando. porque a vida o merece, por que vale a pena estarmos vivos.

Sem comentários: