sábado, 16 de maio de 2009

"A Ilha das Trevas" - o rescaldo

são 8 horas e 32 minutos do dia 16 de maio do ano de 2009.

o texto que escrevo hoje não pode ser belo.
terminei de ler um livro. um livro que a partida seria "inofensivo"... um relato jornalístico, factual, sobre os acontecimentos da história de Timor.
engano.
recordei as vigílias em frente à embaixada dos Estados Unidos, o cordão humano em Lisboa, a união de um país inteiro por Timor.
é algo que me choca. a forma fria como estas questões de guerra são tratadas. "invade-se... não se invade...." e a população que se lixe... por que é e sempre será assim.
não me esqueço. e o pior é a ficção cruzar-se tanto com a realidade. não me esqueço do "testemunho final" de Paulino... não irei nunca apagar a agonia e a sensação fria e amarga na boca após ter repetido em voz alta as palavras que acabara de ler. o nojo que senti ao saber que apesar do nome "Paulino" ser mero adorno, a situação por que passou é facto! (e continua a sê-lo, que esta palhaçada toda de Iraques e companhias "ilimitadas" não é pêra doce não!)
estou cansada. farta. indignada a um ponto extremo. irritada é verdade. extremamente.
claro que ninguém a não ser eu e mais dois ou três caramelos estão a perceber esta torrente de palavras.... claro que já ninguém percebe a indignação de outra pessoa com este tipo de assuntos... claro...
tornou-se...
banal.
sim.
banal um pai ver-se obrigado a matar a própria filha para evitar que esta seja violada por não sei quantos tipos de farda (sim, filho a farda fica-te muito bem, vê lá se te portas bem lá prás guerras... e leva protector solar que lá faz muito sol!) ...
comum... nada estranho...
banal...
naquela altura fomos tão grandes na nossa pequenez... a nossa pequena voz de país à beira-mar plantado foi suficiente para mover países com o quadruplo do nosso tamanho, por uma causa justa. bastou apenas uma pequenina voz...
mandam-me calar? não..... sou pequena, posso ser minúscula até. mas só me calo com sete palmos de terra em cima!!!
mania de mandar calar as pessoas pah!
"não me obriguem a vir para a rua gritar..."
e agora dizem "lá vem o saudosismo... típico do português... a lembrar de quando era grande e tal e coiso..." não é?
claro que é. a preguiça de mexer o rabo do sofá é grande não é? abrir a boca agora é fácil, com o comando da tv na mão... "isto, o país está em crise... o mundo está em crise... o canário está em crise... o cão da vizinha muita boa do 2º direito está em crise..." e continua no sofá a ver a grande crise que o país está...
estou irritada.
extremamente irritada.
apetece-me... não sei... ir ao café do tio joaquim mamar umas belas mines e comer uns tremoços enquanto dá o meu Benfica! é isso... e no intervelo assisto a mais um pouco de crise, e guerras e fome, muita fome que já não há pasteis de bacalhau, agora só rissóis de camarão...

não me parece...

p.s. não vou pedir desculpa por este texto. se não é do "estilo" do blogue... que se dane!!! também não era para ser bonito ou muito profundo. o ser humano tem destas coisas e a mim apeteceu-me escrever após esta minha noite branca, e públicar este rol de palavras aparentemente sem sentido para alguns, mas que a mim me dá alguma paz de espírito. não muita. que é preciso sair à rua e fazer alguma coisa!!!!!
quem vem comigo?

2 comentários:

R. Pedrosa Colaço disse...

Infelizmente esta é uma faceta da natureza humana... Sempre foi assim... É um degredo latente em todos nós, à espera de sair a qualquer momento. Todos viveremos nA Ilha das Trevas, se nada for feito! Sairei à rua contigo para gritar.

André disse...

Eu quero ler..